A parentalidade após a separação ou divórcio é um momento de profunda transformação familiar. As decisões sobre a guarda e a residência das crianças são frequentemente marcadas por tensão e dificuldades na comunicação entre os progenitores.
Do ponto de vista sociológico, as assimetrias de género na parentalidade podem tornar este processo ainda mais desafiante, principalmente quando está em discussão a residência alternada da criança. Muitas mães vivem e descrevem o processo como um momento muito desafiante e doloroso, pois até aí nunca se haviam imaginado viver longe dos filhos.
Por outro lado, muitos pais enfrentam barreiras significativas no acesso aos filhos. A crença de que as mães são as principais cuidadoras pode gerar resistência à partilha do tempo do tempo e das responsabilidades parentais.
E, no centro deste conflito, estão as crianças, que muitas vezes expressam ou silenciam o desejo de viver com ambos os progenitores.
Apesar dos avanços em direção à igualdade de género, as diferenças nos papéis sociais ainda persistem e impactam as relações parentais após a separação ou divórcio, dificultando a tomada de decisões.
Manter uma comunicação aberta e construtiva é, por isso, essencial para encontrar compromissos que garantam a continuidade das relações familiares e promovam um ambiente estável e seguro para os filhos.
Afinal, a parentalidade não termina com a separação—ela transforma-se, exigindo novas formas de cooperação e respeito mútuo.
Escrito por Filomena Rodrigues da Cunha
MESTRADO EM FAMÍLIA E GÉNERO – Universidade de Lisboa – 2023