
Reza a história que dois enamorados sentiam um amor tão forte que o exigiam eterno.
– Vamos unir-nos para sempre!
Prometiam-se um ao outro com esperança e desespero. Apesar de inexperientes sabiam que tal decisão exigia garantia.
Talvez um ritual? Um conjuro? Um talismã seria o mínimo.
Procuraram o ancião mais sábio da aldeia.
Apaixonadamente, suplicaram-lhe.
– Faz-nos um conjuro que nos una para sempre.
Sabiamente o ancião falou a cada um à vez. A um pediu que subisse à montanha mais alta e, que, com todo o cuidado, capturasse um falcão. Ao outro repetiu o conselho mas, desta feita, deveria trazer uma águia.
O amor que os movia ultrapassou o perigo da senda.
Com altivez, cada um deles apresentou-se ao sábio.
– Aqui tens o falcão.
– Trago-te a águia.
O ancião abençoo-os num abraço só.
– Muito bem! Admiro tal amor.
Agora, fazei como vos peço.
– Com este cordão, atai a pata da águia à pata do falcão e deixai as aves em paz.
Os jovens cumpriram o pedido até ao momento em que, horrorizados, perceberam a atrocidade cometida.
A águia não voava. O falcão atacava a companheira.
Por compaixão, o mestre libertou as aves e ambas lançaram-se num voo só.
Conhecedor da desilusão do casal, o sábio falou.
– Este é o vosso conjuro.
– Recordem o que observaram. Sejam águia e falcão. Voái juntos. Nunca atados!
Os jovens agradeceram e rumaram à vida.
Reza a história que ainda persistem na difícil arte de voar a par.