
O que eu daria para aprender a esperar…
Ficar apenas. Suster a respiração, fixar um ponto invisível e aí pousar.
Como seria fundir-me às nuvens deambulantes?
Permitir que o calor da terra me amolecesse mais e cada vez mais até não sobrar nada mais de mim do que um caramelizado sedoso. Não muito doce… talvez um sabor a gengibre e mel.
A ilusão de um olhar quieto. Um peito onde ronrona um coração confiante e orgulhoso da janela por onde espreita os dias.
Como seria divino conseguir contemplar a rua. Olhar cada recanto das quelhas com a paciência de quem pesca. O meu relógio seria o bater das ondas e as nortadas rabujentas que me enriçam os pêlos e refrescam o nariz.
Aí encontraria o meu refúgio. Em qualquer parapeito veria o mundo aqui e além. Sem mover um único ossinho ou articulação do meu corpo reboludo e feliz.
Dominaria a arte de semicerrar as pálpebras, movimentar as orelhas, tamborilar com a minha cauda e, ao orientar os meus bigodes nunca estaria perdida de coisa nenhuma.
Poderias afastar-me. Deixar-me só em algum lugar sem regresso mas a minha capacidade de esperar levar-me ia até ti. Ficaria à janela como roupa que seca ao vento e ao sol e nada me assustaria, nada me faria recear porque tu voltarias sempre e eu a ti regressaria para ficar. Ficar contigo. A esperar.
Muito bem! Gostei da criatividade. 🙂
Grata !!! Grande abraço 🙂
Adoro-os todos 🥰
Este mais ainda pela foto 🐈