Infância

Quando dei por mim Os pedaços que eram meus Voltaram com a primavera Que florescia No caminho Que semeaste. Quando dei por mim A minha infância voltou Naquele baloiço Em que andaste Naquele baloiço Que me encantou Naquele baloiço Que…
Quando dei por mim Os pedaços que eram meus Voltaram com a primavera Que florescia No caminho Que semeaste. Quando dei por mim A minha infância voltou Naquele baloiço Em que andaste Naquele baloiço Que me encantou Naquele baloiço Que…
Nas nossas mãos desmãozadas há uma mixórdia de carne e chips, articulações e telas OLED e memórias RAM. Onde termina o telemóvel e onde começam as mão? Já não interessa porque é nessas desmãos que registamos, guardamos e arquivamos os meses, semanas, dias, horas, minutos e segundos desse tiq-tac-tic-tac de 2022 cada vez mais esfumado.
Eis nos prestes a virar a folha. Foi um pulo e cá estamos. Mês 11. Vamos outonando. Engordámos a velha despensa e afogámos a adega já vazia.
Eu queria o mar. A água gelada era sempre uma delícia, a bandeira parecia-me sempre verde e os lábios roxos ou os dentes a bater de frio só existiam na preocupação dos adultos. Era do melhor!
Rio-me e balanço-me ainda mais. Os pés descalços. A brisa da manhã e o cheiro fresco dos limoeiros parecem-me eternos. Sei que amanhã a minha avó voltará ao tanque para se pentear e eu poderei continuar a estudar as lições das férias de verão. Gosto particularmente das aulas de entrelaçar
Poderias afastar-me. Deixar-me só em algum lugar sem regresso mas a minha capacidade de esperar levar-me ia até ti. Ficaria à janela como roupa que seca ao vento e ao sol e nada me assustaria, nada me faria recear porque tu voltarias sempre e eu a ti regressaria para ficar. Ficar contigo. A esperar.
Enquanto respirar irei teimar. Teimar muito para que me aceitem assim. Eternamente teimosa. Eternamente criança.
Crescer doeu. Foi assim como arrancar uma árvore nascida no quintal da avó que, sem aviso, é transplantada longe, numa cidade feita serenata à beira rio.
Era uma vez dois enamorados. Sentiam um amor tão forte que o exigiam eterno.
- Vamos unir-nos para sempre! Prometiam-se um ao outro com esperança e desespero.
Ela sabia.Sabia que as maças não são para serem temidas. Não são para serem devoradas à pressa.